Moradia e emprego são as maiores preocupações de quem perdeu tudo no pior terremoto da história do Japão, seguido de um tsunami, ocorrido há exatamente um mês.
O trabalho de remoção de toneladas de entulhos nas cidades e vilas mais atingidas pela onda gigante é lento e desanima até as pessoas mais otimistas.
"Sei que a cidade será reconstruída, mas minha preocupação é saber o que farei até lá e onde vou morar", disse à BBC Brasil o comerciante de material de pesca Shoichi Sugawara, 60 anos, que nasceu e cresceu em Minami Sanriku, na província de Miyagi.
O abrigo em que ele e a esposa vivem há um mês será desativado para que as crianças possam começar o ano letivo. "Vamos para outra cidade, mas vou voltar depois para ajudar a levantar tudo de novo", diz, sem esconder as lágrimas.
A família da jovem Mio Saito, 16 anos, também vai se mudar de Minami Sanriku. "Alugamos um apartamento numa cidade vizinha", afirma.
A preocupação dela, da mãe e da irmã mais velha é como conseguir um trabalho para poder pagar as despesas mensais.
Elas tocavam um pequeno negócio de pescados na vila e, por enquanto, elas têm usado o dinheiro guardado na poupança. "Não podemos mais ficar esperando a ajuda do governo", diz.
Teizo Yoshida, 63 anos, da cidade de Rikuzentakata, na província de Iwate, totalmente devastada pelo tsunami, é um dos poucos que continua trabalhando.
Ele é funcionário de uma empresa de segurança patrimonial e agora passa as noites tomando conta de cerca de 500 carros amassados.
"Houve muito roubo de placas e de objetos que estavam dentro dos veículos. Enquanto os donos não vêm reconhecer seus carros, a gente toma conta deles", afirma.
Yoshida e a esposa foram um dos poucos também que não tiveram a casa destruída. "Deve demorar um pouco para tudo ser reconstruído por aqui e vamos ficar para ajudar. Mas o governo deve ser mais firme para resolver as coisas o mais rápido possível", diz.
Criticado por ter visitado apenas duas cidades atingidas pelo tsunami em um mês, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, prometeu não "abandonar nunca" as vítimas do terremoto, do tsunami e da crise nuclear que se seguiu.
O líder japonês disse ainda que o governo vai trabalhar o mais rápido possível para tirar as cerca de 170 mil pessoas dos abrigos provisórios.
Neste final de semana, 36 famílias receberam as chaves das primeiras casas temporárias. Elas foram escolhidas de um total de 1.160 candidatos na cidade de Rikuzentakata, na província de Iwate.
A prioridade é para mães solteiras, idosos e deficientes físicos. Eles poderão ficar nestas casas de 29 metros quadrados por até dois anos, sem pagar nada.
Outras 50 mil residências provisórias deverão ser construídas até o final de setembro em três províncias, segundo o jornal Yomiuri.
Enquanto o governo se preocupa com o futuro da população desabrigada, as tropas japonesas continuam a busca por corpos na costa nordeste do Pacífico.
Até agora, foram confirmadas 13 mil mortes, enquanto cerca de 15 mil pessoas continuam desaparecidas, no pior desastre japonês desde a Segunda Guerra Mundial.
"Ainda há muitos desaparecidos sob os escombros e também perdidos no mar", disse um porta-voz do Exército japonês à mídia japonesa.
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